14.3.10

Projeto Fonte Nova - Copa do Brasil de 2014










Ao final de 2007, quando o desabamento de parte das arquibancadas no anel superior matou sete pessoas, especulou-se que a demolição talvez fosse a melhor solução para o Estádio Otávio Magabeira (conhecido como Fonte Nova), em Salvador. A hipótese não se confirmou: o conjunto será recuperado em algumas áreas, reconstituído em outras e modernizado em toda a sua estrutura para poder receber jogos da Copa de 2014.

O consórcio que venceu o processo público de manifestação de interesse, integrado entre outras empresas pela KPMG, se encarregará da formatação institucional e do regime de gestão e operação do estádio e suas imediações. Em janeiro, ainda não estavam definidas as intervenções no entorno, mas o projeto de remodelação da edificação se consolidara. Ele é assinado pela Setepla Tecnometal Engenharia, do Brasil, e pelo estúdio alemão Schulitz Architektur + Technologie, responsável pela renovação do estádio de Hannover, naquele país, utilizado na Copa do Mundo de 2006.

O arquiteto Marc Duwe, coordenador dos trabalhos pela Setepla, explica que a essência da proposta fundamenta-se no estádio europeu, “onde foram preservadas, ao mesmo tempo, as características originais do conjunto e a memória da cidade”, argumenta. Duwe é formado pela FAU/USP em 1993. Claas Schulitz, titular do escritório alemão, é engenheiro e arquiteto, graduado em 1997 e 2000, respectivamente, na Universidade TU de Munique.

Inaugurado em 1951, o estádio de Salvador foi projetado por Diógenes Rebouças, personagem de destaque na arquitetura moderna baiana - quando se cogitou a demolição, a diretora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, Solange Souza Araújo, divulgou um documento afirmando que a obra era exemplar expressivo da arquitetura e teria contado com a contribuição do escritório de Oscar Niemeyer.

O projeto teuto-brasileiro dá ênfase ao conforto e à segurança dos usuários - sua capacidade será reduzida de 60 mil para pouco mais de 55 mil pessoas. Entre as propostas alinhavadas no trabalho está a substituição de todo o anel superior da arquibancada (área do acidente), que será coberto e terá melhores condições de visibilidade. O anel inferior no setor leste será recuperado e terá reforçada sua estrutura; o lado oeste será reconstruído para receber a nova área vip, vestiários para jogadores e zona mista.

A maior intervenção física ocorrerá com a demolição e posterior reconstrução do anel superior das arquibancadas, cuja recuperação, de acordo com Duwe, era inviável. Entre os dois anéis serão inseridas instalações, tais como centro de negócios, restaurante, café e museu do futebol. Com esses espaços o projeto procura manter as atividades na Fonte Nova mesmo quando não houver jogos. A maior modificação visual será a cobertura das arquibancadas. Ela será montada sobre uma estrutura metálica leve baseada num sistema de raios e anéis, revestida por membrana ETFE à qual a sujeira não adere (solução semelhante à adotada em Hannover) e que, segundo os autores, não prejudicará a visão do entorno.















Estacionamento (nível 2) +30
1. Entrada / 2. Depósito / 3. Estacionamento

Distribuição (nível 5) +40,69
1. Entrada / 2. Distribuição / 3. Quiosque / 4. Primeiros-socorros

Para tornar isso possível foi criada uma pequena cobertura de concreto que se apóia nos pilares estruturais do anel superior (que os autores chamam de anel de compressão) e será a âncora da estrutura metálica horizontal. O anel de compressão recebe a carga dos tensores da estrutura metálica, em funcionamento semelhante ao de um aro de roda de bicicleta. A estrutura metálica suporta a membrana e as traves verticais sustentam dois anéis metálicos tensionados por cabos que dão estabilidade ao sistema. O anel de concreto também permite a instalação de painéis fotovoltaicos, para transformar a energia solar em eletricidade a ser usada nas dependências do estádio.

Texto de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 348 Fevereiro de 2009

1 comentário:

Anónimo disse...

Dica: Procure se atualizar.

A notícia sobre as tais avaliações da empresa inglesa é antiga.

Dias depois de publicarem isso a empresa emitiu um comunicado desmentindo que tenha feito quaisquer avaliações sobre os estádios brasileiros.

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