25.1.07


Falavamos o ultimo final de semana sobre um livro que se chama "a flor do deserto"e logo depois em cas leio um artigo assim:

UNICEF: mutilação genital feminina afecta três milhões por ano
Lusa24/11/2005
A UNICEF revelou hoje que três milhões de raparigas em África e no Médio Oriente são sujeitas a mutilação genital todos os anos, defendendo que esta prática pode ser eliminada "no espaço de uma geração".

Este livro é justamente sobre este polemico assunto

Waris Dirie tinha apenas cinco anos quando foi mutilada no deserto da Somália.
Flor do Deserto não é um livro fácil de ler, tão pouco um livro para ler à noite antes de deitar, uma vez que levanta muitas questões e toca em alguns pontos sensíveis: a liberdade de escolha de cada um e a liberdade de pôr e dispor do próprio corpo. A nossa narradora é a autora do livro, Waris Dirie que nos conta como passou dos desertos da Somália para o mundo da moda internacional, depois de uma infância dura na vastidão do deserto e de uma adolescência muito diferente do conceito que conhecemos, trabalhando em casa de parentes sem qualquer remuneração em troca. Ela é uma mulher admirável, de espírito hercúleo, que passou privações e torturas aterrorizadoras, tendo sido a mais marcante a excisão (mutilação genital feminina - MGF) a que foi sujeita aos cinco anos, um ritual há muito estabelecido na Somália e outros países africanos de ideologia muçulmana que consiste em cortar o clítoris – na vertente mais branda – ou na remoção total do mesmo e dos lábios vaginais, cosendo-se em seguida os tecidos que sobram, ficando apenas um minúsculo orifício pelo qual a mulher urina e menstrua. Neste caso, a mulher "costurada" só é "aberta" para o marido (calcula-se que diariamente cerca de seis mil meninas são sujeitas à MGF, sem qualquer esterilização e recorrendo a lâminas, pedaços de vidro e até à dentada; tudo vale para “preparar” uma menina para ser uma mulher). Waris abandonou as passarelles para se dedicar exclusivamente ao combate contra a MGF. «É difícil saber o que me teria acontecido se não tivesse sido mutilada. Faz parte de mim, não conheço outra realidade(…)

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