7.1.07

7 DE JANEIRO

Ultimamente me pego lendo poesias ,poemas, estas cositasas, ai hoje resolvi colocar algumas que gosto ...é longo,e só prá quem gosta.
"Hoje é Domingo pé de cachimbo o cachimbo é de ouro bate no touro o touro é valente chifra a gente a gente é fraco cai no Buraco o buraco é fundo acabou-se o mundo"
ISTO
Fernando Pessoa

Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo.
Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação.
Não uso o coração. Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda, É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio, Sério do que não é. Sentir?
Sinta quem lê!


Rosa de Hiroxina
Vinicius de Moraes

Pensem nas crianças Mudas telepáticas
Pensem nas meninas Cegas inexatas
Pensem nas mulheres Rotas alteradas
Pensem nas feridas Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária
A rosa radioativa Estúpida e inválida
A rosa com cirrose A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfumeSem rosa sem nada.



Roda Viva
Chico buarque

Tem dias que a gente se sente.
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente.
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa.
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante Roda-moinho, roda pião O tempo rodou num instante.Nas voltas do meu coração A gente vai contra a corrente
.Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir.
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá Roda mundo (etc.)
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata a roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá Roda mundo (etc.) O samba, a viola, a roseira Um dia a fogueira queimou .
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou.
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar .
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá Roda mundo (etc.)

O que será que sera
Chico Buarque
...
O que será que será Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar E mesmo o padre eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo

Poesia Matemática
Millor Fernandes

Às folhas tantas do livro matemático, um Quociente apaixonou-se um dia doidamente por uma Incógnita. Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a, do Ápice à Base, uma Figura Ímpar; Olhos rombóides, boca trapezóide, corpo otogonal, seios esferóides. Fez da sua uma vida Paralela a dela até que se encontraram no Infinito. "Quem és tu?" indagou ele Com ânsia radical. "Sou a soma dos quadrados dos catetos. Mas pode me chamar de Hipotenusa." E de falarem descobriram que eram - o que, em aritmética, corresponde a almas irmãs - Primos-entre-si. E assim se amaram ao quadrado da velocidade da luz numa sexta potenciação traçando ao sabor do momento e da paixão retas, curvas, círculos e linhas sinoidais. Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclideanas E os exegetas do Universo Finito. Romperam convenções newtonianas e pitagóricas. e, enfim, resolveram se casar constituir um lar. Mais que um lar, uma perpendicular.
convidaram para padrinhos o Poliedro e a bissetriz. E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro sonhando com uma felicidade integral e diferencial. E se casaram e tiveram uma secante e três cones muito engraçadinhos E foram felizes até aquele dia em que tudo, afinal, vira monotonia. Foi então que surgiu o Máximo Divisor Comum freqüentador de círculos concêntricos, viciosos. Ofereceu-lhe, a ela, uma grandeza absoluta, e reduziu-a a um denominador comum. Ele, Quociente, percebeu que com ela não formava mais um todo, uma unidade. Era o Triângulo, tanto chamado amoroso. Desse problema ela era a fração tais ordinária. Mas foi então que o Einstein descobriu a Relatividade e tudo que era expúrio passou a ser Moralidade Como, aliás, em qualquer SOCIEDADE.


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