Empresários compram 45 imóveis na área do Sodré
O Sodré e as ladeiras vizinhas, que correspondem à chamada “adjacências do Largo Dois de Julho”, vão mudar. Em cinco anos, as casas mal conservadas ou abandonadas irão compor um centro de lazer e comércio especialmente concebido para baianos e turistas freqüentarem. A base para esse prognóstico calculado por empresários é a ação silenciosa, que eles mesmos vêm tendo, de comprar imóveis.
Até agora, os investidores que se propõem a provocar uma revitalização imediata e radical adquiriram mais de 45 casarões, casas e ruínas de séculos atrás e dizem que vão restaurá-los. Outros 20 estão na mesa de negociação. Ao todo, eles já desembolsaram cerca de R$ 8 milhões para adquirir imóveis que, em sua maioria, vinham sofrendo acelerado processo de deterioração. Outros grupos de compradores aguardam que o processo se defina para também atuar.
A poligonal traçada pelos próprios investidores delimita um grupo de ruas e becos entre a Praça Castro Alves e a Ladeira dos Aflitos, entre a Avenida Contorno e a Carlos Gomes. Envolve, também, edificações na primeira rua da cidade, a Conceição, que antes dos aterros da Cidade Baixa ficava na beira do mar.
Também não estão descartadas as unidades que aparecerem em condições de serem vendidas, em baixo dos arcos da ladeira de mesmo nome, onde antigos ferreiros como Zé Adário, o Zé Diabo, desenvolvem ofícios praticamente em extinção.
O foco da reocupação desse trecho do Centro Antigo de Salvador é o cotovelo da Rua Areal de Cima, onde o hotel de luxo Txai, com 40 apartamentos, começará a ser construído em setembro para ser inaugurado em dois anos. Somente ele significará um investimento em torno de R$ 20 milhões.
Do mesmo grupo que se instalou em Itacaré, município costeiro do sul da Bahia, e que se tornou destino de celebridades, o Txai Salvador terá como diferencial a exploração da vista e da brisa da Baía de Todos os Santos em uma adaptação especialmente direcionada para turistas com alto poder de compra. Em Itacaré, a diária pode chegar a R$ 1.760.
“Eu acho que Salvador tem porte para ter um hotel de charme como esse. E a gente gosta exatamente disso. Temos um público que gosta muito de área tombada, em função da arquitetura e da cultura. Dá mais trabalho, demora para aprovar o projeto (no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -Iphan), mas você ganha condições de ter uma coisa bem diferenciada”, justifica um dos proprietários paulistas, Nelson Morais, ex-corretor da bolsa de valores.
Até agora, a movimentação de compra dos imóveis na mão de proprietários como a Arquidiocese de Salvador (que vendeu as casinhas vizinhas ao Museu de Arte Sacra, com moradores dentro), a Santa Casa da Misericórdia e particulares chegou a um valor que dificilmente poderia ser alcançado pelas cifras das desapropriações que o governo estadual vem fazendo para instalar o seu programa Rememorar.
As próprias casas centrais do Txai teriam sido alvo deste projeto tocado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder) caso não tivessem sido poupadas em função da promessa do antigo proprietário Manfred Peters, de que empreenderia nelas. Ele procurava parceiros para investir e acabou vendendo as unidades ao Txai.
No outro lado do balcão há negociantes de São Paulo, Rio de Janeiro, estrangeiros e interessados locais, motivados pelo empreendedorismo de Armando Correa Ribeiro, que tem feito um trabalho de convencimento entre esses círculos. Com base no sucesso que alcançou com o restaurante Trapiche Adelaide, instalado no armazém pertencente a sua família desde 1860, e em outras iniciativas, os investidores apostam na possibilidade de lucro a partir do Sodré.
O Sodré e as ladeiras vizinhas, que correspondem à chamada “adjacências do Largo Dois de Julho”, vão mudar. Em cinco anos, as casas mal conservadas ou abandonadas irão compor um centro de lazer e comércio especialmente concebido para baianos e turistas freqüentarem. A base para esse prognóstico calculado por empresários é a ação silenciosa, que eles mesmos vêm tendo, de comprar imóveis.
Até agora, os investidores que se propõem a provocar uma revitalização imediata e radical adquiriram mais de 45 casarões, casas e ruínas de séculos atrás e dizem que vão restaurá-los. Outros 20 estão na mesa de negociação. Ao todo, eles já desembolsaram cerca de R$ 8 milhões para adquirir imóveis que, em sua maioria, vinham sofrendo acelerado processo de deterioração. Outros grupos de compradores aguardam que o processo se defina para também atuar.
A poligonal traçada pelos próprios investidores delimita um grupo de ruas e becos entre a Praça Castro Alves e a Ladeira dos Aflitos, entre a Avenida Contorno e a Carlos Gomes. Envolve, também, edificações na primeira rua da cidade, a Conceição, que antes dos aterros da Cidade Baixa ficava na beira do mar.
Também não estão descartadas as unidades que aparecerem em condições de serem vendidas, em baixo dos arcos da ladeira de mesmo nome, onde antigos ferreiros como Zé Adário, o Zé Diabo, desenvolvem ofícios praticamente em extinção.
O foco da reocupação desse trecho do Centro Antigo de Salvador é o cotovelo da Rua Areal de Cima, onde o hotel de luxo Txai, com 40 apartamentos, começará a ser construído em setembro para ser inaugurado em dois anos. Somente ele significará um investimento em torno de R$ 20 milhões.
Do mesmo grupo que se instalou em Itacaré, município costeiro do sul da Bahia, e que se tornou destino de celebridades, o Txai Salvador terá como diferencial a exploração da vista e da brisa da Baía de Todos os Santos em uma adaptação especialmente direcionada para turistas com alto poder de compra. Em Itacaré, a diária pode chegar a R$ 1.760.
“Eu acho que Salvador tem porte para ter um hotel de charme como esse. E a gente gosta exatamente disso. Temos um público que gosta muito de área tombada, em função da arquitetura e da cultura. Dá mais trabalho, demora para aprovar o projeto (no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -Iphan), mas você ganha condições de ter uma coisa bem diferenciada”, justifica um dos proprietários paulistas, Nelson Morais, ex-corretor da bolsa de valores.
Até agora, a movimentação de compra dos imóveis na mão de proprietários como a Arquidiocese de Salvador (que vendeu as casinhas vizinhas ao Museu de Arte Sacra, com moradores dentro), a Santa Casa da Misericórdia e particulares chegou a um valor que dificilmente poderia ser alcançado pelas cifras das desapropriações que o governo estadual vem fazendo para instalar o seu programa Rememorar.
As próprias casas centrais do Txai teriam sido alvo deste projeto tocado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder) caso não tivessem sido poupadas em função da promessa do antigo proprietário Manfred Peters, de que empreenderia nelas. Ele procurava parceiros para investir e acabou vendendo as unidades ao Txai.
No outro lado do balcão há negociantes de São Paulo, Rio de Janeiro, estrangeiros e interessados locais, motivados pelo empreendedorismo de Armando Correa Ribeiro, que tem feito um trabalho de convencimento entre esses círculos. Com base no sucesso que alcançou com o restaurante Trapiche Adelaide, instalado no armazém pertencente a sua família desde 1860, e em outras iniciativas, os investidores apostam na possibilidade de lucro a partir do Sodré.
Last edited by exarq; April 27th, 2008 at 04:25 PM.
O empresário esteve em Cuba e quer trazer de lá o know-how de reformar centro antigo com poucos recursos. “O historiador designado pelo próprio Fidel Castro, responsável pela requalificação de Havana Vieja (Patrimônio da Humanidade) vai trabalhar nisso”, avisa Armando, que este mês trouxe de lá o fotógrafo Mário Diaz, para expor na Galeria do Olhar, na Avenida Contorno.
“Acho que a grande coisa é não expulsar os moradores. Se a gente sair das nossas bolhas de ar-condicionado, vamos encontrar um povo maravilhoso nas ruas. E mais, aqui você tem uma boa padaria, farmácia e botecos servindo comidas ótimas”, derrama-se o dono do Trapiche Adelaide.
INVESTIDORES – Os donos do Txai já compraram, ao todo, 25 imóveis e querem mais. A baiana Eurofort Patrimonial, de Armando Correa Ribeiro, adquiriu quatro e é a firma que faz a identificação e seleção de prédios a serem agregados ao projeto. Embora diga que, se depender dele não haverá comerciantes temporários instalados na área, Armando C. Ribeiro não ignora que haja outros núcleos de investidores interessados nas ladeiras e vista do Sodré.
A antiga Boate Clock, por exemplo, foi amealhada e deverá ser transformada em apartamentos pela construtora Garcez associada ao grupo espanhol Nova Dimensão. A antiga casa de Jesus Sangalo, comprada do arquiteto André Sá, foi revendida para estrangeiros. A casa da cantora Maria Bethânia continua dela e a do arquiteto Luiz Umberto, também.
Quem está comprando muitos imóveis no Sodré é o ex-jogador de futebol, atualmente técnico em Dubai, Toninho Cerezzo. Seu representante, Deusemar Guimarães, dono de uma imobiliária no Caminho de Areia, com filial na Av. Tancredo Neves, não diz quantos. Por seu intermédio, Toninho adquiriu a ruína da Visconde de Mauá, na mão de Armando Correa Ribeiro há quatro anos e a vendeu, junto com um terreno de 4 mil m². Ali será o Txai Residence.
“Tem investidores de maior porte como o Txai e o Hilton (Praça Cayru). A partir deles é que vamos começar a investir”, despista. “Precisamos saber a destinação que vai ser dada para a área”, defende-se. E orgulha-se de construir “o primeiro village ecológico”, na Boa Viagem. Considera-se pioneiro no Sodré: “Comprei na época em que ninguém acreditava. Com a agregação de investidores, pode-se até implantar um segundo Pelourinho. É uma área esquecida, como o Pelourinho era, e foi revitalizado. É uma extensão do Pelourinho com vista para o mar”.
O convento situa-se a meia encosta da Montanha de Salvador. Envolvido por grande área ajardinada, o edifício integra o sítio do Sodré, tombado pelo IPHAN (GP-1). Jardins e encosta são considerados áreas non aedificandi (GP-1) pelo Decreto Municipal nº 4.524 de 01.11.1973.
Edifício de elevado valor monumental, desenvolvendo em torno de um claustro quadrado. No sub-solo há uma galeria de captação, de água, objeto de lendas populares. A igreja, precedida de uma galilé com coro superposto, possui nave em forma de cruz latina. O altar-mor primitivo se perdeu e o atual, de prata, é proveniente da antiga Sé. Existem altares barrocos seiscentistas nas capelas laterais e dois neo-clássicos montados impropriamente nas paredes laterais do transepto. Interessante solução dos confessionários que possibilita acessos diferenciados para os fiéis e confessores. Há azulejos do meado do século XVII na sacristia e escadas. Os demais painéis são de Ca. 1738. O afresco da capela situada entre a igreja e o claustro é considerado o mais antigo do Brasil. Possui armário embutido em jacarandá (Séc. XVIII), arcaz em talha tremida de jacarandá (séc. XVII) e 16 pinturas sobre vinhático de procedência européia. A estas peças se somou o acervo do Museu, que é a maior coleção de arte sacra do país.
A igreja apresenta o plano típico da igreja jesuítica romana (Il Gesu), com transepto e nave de igual altura, cúpula no cruzamento e capelas inter-comunicantes. Este modelo só se difundiu tardiamente em Portugal, com a igreja de S. Vicente de Fora (Lisboa) de Felippo Terzi. A autoria da planta é atribuída a Frei Macário de S. João, autor de São Bento de Salvador, que apresenta grande semelhança. A fachada possui galilé com três arcos que é típica das construções beneditinas e franciscanas. O corpo central do frontão está ligado às alas laterais por duas enormes volutas. O partido desta fachada é o mesmo da fachada original de Il Gesu, desenhada por Vignola (1569), e assemelha-se à de Sto. Ignácio de Roma, também inspirada em Vignola. É um caso único de fachada de modelo romano antes do fim do séc. XVII no Brasil. Para respeitar a integridade da fachada romana a torre foi substituída por uma "espadaña" montada sobre o muro lateral da nave, à semelhança de Trinidad de Salamanca, segundo Bazin. Robert Smith vê influência da igreja dos Remédios de Ávila, da mesma Ordem. O pátio de entrada apresenta portal com decoração em trança, também encontrado no Seminário de S. Dâmaso, igreja da Misericórdia, Matriz de Maragogipe, e porta lateral da antiga Sé. Santa Teresa e S. Bento de Salvador são as únicas igrejas brasileiras do séc. XVII a apresentarem uma planta jesuítica romana. Santa Teresa teria influenciado a igreja de Sto. Antônio da Barra, que adotou em sua fachada os três arcos plenos da galilé da primeira.
Histórico arquitetônico: 1665 - Um convento de carmelitas descalças é fundado na Bahia; 1666 - As obras são iniciadas pelo Pe. Frei José do Espírito Santo, com recursos de particulares e do poder público. No local havia uma igrejinha dedicada a Santa Teresa; 1668 - Foi dada a licença pelo Cabido para a construção, embora esta já estivesse adiantada; 1686 - Inauguração do convento em 14 de outubro; 1697 - Inauguração da igreja; 1837- Instalação do Seminário Arquiepiscopal no convento; 1858/61 - Construção do Seminário Menor, posteriormente demolido (1958); 1959 - Inaugurado a 10 de agosto o Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia.
Fonte: Cd-room IPAC-BA: Inventário de proteção do acervo cultu
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