4.3.13

Vamos então comemorar o dia...Hoje merece isto.Finalizo mais uma etapa do final de uam das minhas missões .Hoje 4 de março de 2013.
A primeira coisa que devo fazer depois de um magnifíco banho é colocar os meus tenis e sair para andar.
Comemorar andando.Parece que os amortecedores deste tenis esta melhor do que os do meu carro.
Quero aproveitar o mes de março porque considero em materia de clima o melhor dos meses em Salvador.O dia esta lindo ,um colorido redondo e" beyond bondaries",sinto um pouco da california ..

Me sento na cama e logo que vejo o travesseiro me dá um leve sono...eu deito e imagino sair de tenis para andar ...exercicio e por 5 mins eu ouço uma voz interna dizer"RISE AND SHINE". e saio correndo.



3.3.13






IMAGINEI HOJE ESTAR LIVRE PARA FAZER UMA SÉRIE DE MUDANÇAS NA MINHA VIDA.
Mas pelo visto não vai dá ...mais um dia ...o  é engraçado e muda tudo será esta a mudança?

Acordei e já fui para o celular e internet.

Numa pausa e outra ,ouço musicas,novas velhas,boas ,péssimas mas ouço para talvez não deixar de ouvi-las por pré conceito.

Tive a impressão hoje que estava tentando me explicar um monte de coisas.

Imagine ..eu para mim mesma explicar alguma coisa ,a xicara caiu ,o copo de agua girou,
a colher sumiu e eu nada falei.

Vou sair  ..tenho que comer .Vou sair e te encontrar quem sabe assim eu me inspiro e para de reclamar .Cadê a mudança dentro de mim?Vazio não esta.Sou a presença de algumas coisa em movimento.
Vou para Passárgada,ali é meu lugar.

25.2.13

Ele disse-venha
Eu disse-:Não
Ele disse-Vá 
Eu disse-Não
Ele me pega pela mão 
Eu saio correndo
Recordo ter escrito para ele e colocado debaixo do travesseiro:
Se voce puder um dia  lembre que alguem lá no fundo de algum orgão do  corpo teve vontade de “apenas estar com voce e voce descartou como um burro ,idiota e medroso.Agora que adianta um venha ,outro vá ou até mesmo uma mão se meu corpo esta longe.Aprendi a te esquecer  vigindo ser adulta.Apenas fingindo mas minha criança ainda lembra..risos...mas esta longe a criançinha.

24.2.13

BUSCA



Revolucionário!   Esta é a palavra chave.Se não conseguimos mudar o mundo de maneira tão doce devemos tentar ser silenciosos mais ainda assim revolucionário.Existem inumeras formas de se conseguir E EU ACREDITO!Ontem conversando com amigos ,me falaram de uma comunidade no sul da Bahia :

ITACARE,Um Centro dedicado à humanidade, à todos aqueles que buscam uma nova forma de viver.PIRACANGA
Entendo que estamos andando em direção errada de certa forma.Conceitos,valores,ideais.
Valores!!Como posso mensurar isto? e porque devo estar mensurando?ter ou não ter valores.
Tudo isto tão discutido ,reclamado e comentado e muito pouco adianta se não houver a AÇÃO  e  AMOR.MUITA GENTE PRECISANDO AMAR E SER AMADO.


Quero entender mais sobre o amor.Esta é uma grande curosidade .Entender não é  a palavra certa ,quero dizer ,melhor  é VIVER  este grande e perfeito estado.

Me jogar sem medo.
Sem prisões ,jogos ,mentiras.Quero confiar em meu ser e INTEIRAMENTE SER.
A SEDUÇÃO É SUSTENTADA POR UM ATO TEATRAL.,FALHO.



Quero sentir a mais pura forma de amôr dentro de mim e caminho com falhas mas tentando me   aperfeiçar nos acertos.é dificil mas só vivendo algumas experiencias vou poder dizer que estou livre para ser inteira.



...Vou indo buscar isto que falo dentro de mim...

22.2.13

Francamente



Francamente falando:
Passei estes ultimos dias sem saber exatamente como e o que escrever aqui nesta telinha...parecia que tinha levado uma super pancada na cabeça de tão tonta que estava ...só queria saber de coisas  que podiam me fazer sorrir,chupar manga,e não ficar triste, não, não, pela terceira vez para enaltecer este momento, pensar  em nada e isto com certeza não funcionava para escrever  mas depois descobri que estava redondamente enganada.Escrever para mim tem muito sabor de diversão ,posso viver quando escrevo e se escrevo assim vivo .Reconheço que estava triste por vários motivos óbvios e sempre que isto acontece sinto a sensação da minha barriga estar cheia de ar.Incrível!!Ela começa a me fazer sentir um balão  a me dizer vamos voar então sinto uma sensação enorme de sair de qualquer lugar por cima sobrevoando só para não ter que enfrentar aqueles momentos "difíceis".



Fui buscar um analista"amigo meu" para tentar resolver estas torturas mentais e ele já iniciou me perguntando o que eu pensava naquele primeiro momento e eu imediatamente respondi que estava confusa sem saber se ao sair dali  eu iria procurar um dentista ,um  mecanico ou ortopedista quem sabe um esteticista ou a ir direto para um aeroporto conhecer uma cidade colorida,foi ai que ele me aconselhou beber bastanbte agua ,relaxar e deixar de pensar em perdas ou erros amorosos  passando a cuidar mais de minha sensibilidade , me pediu para  retornar em 2 anos de cabelos pintados .Na verdade (descobri que falamos muito esta palavra,na verdade e não na mentira)....sentia alguma coisa estranha..ainda sinto mas esta diminuindo...embassada, lá ficava eu  sem vontade ou melhor sem vontade nenhuma de parar para pensar e o + importante sem saber exatamente o que pensar em escrever ,difíceis dias,muiton difíceis....Os dias passavam e eu pensando em uma série de projetos como:conhecer o mundo místico viajando pelas mais fantásticas cidades  misteriosas ,estravagantes e sem fim ,  ser monja por anos no TIbet..(imagine se alguem iria me suportar) ,como poderia terminar minha casa sem aquele monte de homens sujando tudo e inventando um tipo de rede para não cair tanta manga no terreno nem na cabeça dos convidados ,mas nada felizmente aconteceu.

Vou parar um pouco para dizer que agora gostaria mesmo era de ter uma foto igual a de Wood Allen com a mão no queixo..Peço aos amigos para fazer mas não conseguem vou tentando pelo espelho...pura bobagem..mas  isto tambem me diverte...Esta foto para mim tem um significado muito especial: ingenuidade e genialidade.

Um dia esta foto sai igual !!!Vou tentando.ando ando..rsrs

Sedução e perigo...Quem brinca muito acaba sendo o seduzido...Dá prá acreditar?

Devo sair agora e nem segunda feira  é...Cadê a minha programação diaria?Deviam vender no super mercado ."PROGRAMÇÃO DO DIA" Comprem e não tenham trabalho de pensar o que vç tem que fazer para ser humano,EM SALE.

Ops!volto já!!Eu acho ele lindo .Pode ser???




Voltei ! ...da rua e já senti que estou com calor,muito calor, parada e sentido imenso calor do restinho de verão irresistivelmente quente.. não é outra coisa não,nada ligado a hormônio ou similar.. é calor da terra mesmo ...Já bebi 3 litros de agua e ainda sinto sede parece que estou virando uma lua cheia e nem sei se lua tem tanta agua.Quero falar de como me sentia e ponto.Este é o motivo que hoje  escrevo então vou escrever....Me sintia...Ummmmm.Bem....   Sem grandes vontades,desafios ,maldades,nem expectativas coloridas,sinceramente sem dramas,numa pasmaceira tristonha,vulgamente chamada  "UM PORRE".Um dia igual a qualquer  domingo a noite chuvoso e frio numa cidade escura e estranha.Poderia ouvir um jazz antigo tipo Charles Parker ou até Duke Ellington;; como um rock classico levado por Alice Cooper ou Kiss e continuar  nesta mesma sintonia sem balançar um dedinho do pé."sem graça".Ultimamente as coisas que mais me divirtem  são  bobas ,como tomar um café com chantilly ou comer um acarajé  sujando sempre a minha roupa ,sair do salão depois de fazer a unha do pé e já esta borrado,é sempre assim ,e já me conheçendo, absurdamente pago ,saio e riu...As vezes penso que fico me  observando como se fosse uma professora de piano,D.Heremita,para me dar um castigo daqueles...aquela má que sempre que eu errava uma nota  batia em meus dedos e eu chorava...muito..... tocando piano,parecia até emoção mas era dor.Não adiantava estudar tanto solfejo ou teoria ela queria a prática .Sem fazer terapia descobri que este é o grande motivo que sempre choro quando ouço piano por mais de 10 minutos. Me esforço muito para isto não acontecer mas outro dia mesmo fui vIsitar uma cliente e ela lá no seu apt tinha um piano lindo e eu claro...pedi para ela tocar sem me lembrar do desastre que isto causaria .De repente me vem lágrimas saltitantes na minha face das lembranças daquela reguinha  .Acho que a coitada da cliente pensou que eu deveria ser uma recem separada, maltradada, perdida,desesperada, ultra sensível ,algum motivo que sempre deixa agente chorar muito sem ao menos perguntar, POSSO?E eu só pensava em minha carreira de piano,depois de já ter participado de alguns concertos tocando quase inteiramente a "Quarta sonata para piano em MI maior"Bethoven,Bach,Vivalde até Zeca Pagodinho mas o "Mi"  sempre saía "MENOR" 


passei então a me interessar pelo "DÓ" e  viloino,


porque não?O BACH o meu grande idolo.Poderia ser sua discipula number 1,. mas  ai  percebi que andar com violino nas ruas de Salvador seria demais nem METRO temos e no carro não dá é um estrumento muito exagerdo. 





Mas retornando ao piano  descobri que não podia perder meus dedos, sai da escola de piano sem dizer nada a ninguem e não esperava  que alguem notasse minha ausencia ,pura inocência, engano total deixar de imaginar que aquela Pseudo sado desfarçada de professora  me deixasse livre ,logo me entregou indo lá em casa falar com meus pais.Foram dias de castigo e como eu fingia chorar ouvindo Rita Lee , ficar no quarto trancada estudando metafísica era melhor do que ver minha mão sendo atropelada por uma regua afiada.Esqueceram finalmente e minha carreira musical foi agua abaixo apenas por causa de uma professora que resolveu sem perguntar a ninguem ,aplicar uma didática nazista brutal de bater com uma régua dura nos dedinhos de crianças lindas e puras apenas porque erravam os rés ou os fás de vez em quando .Pura louca esta personagem.Decidi ali acabar e vendemos um piano lindo que eu tinha .Entrar na escola de  pintura clássica foi minha próxima escolha mas é papo para outra hora.Agora vou parar por aqui hoje porque já falei muito desta frustada carreira mas acredito qua a pintura chegou ali na minha vida com muita força.Au revoir amanhã tem mais..SE NÃO FOR direto PARA O AEROPORTO.


Imaginem como chorei postando esta musica...Uaru!

21.10.12

CUIDADO SERÁ ?AO AMAR..

Amando agente se torna frágil e contraditório cheio de incertesas e dores.
Alem de sofrer agente pode até morrer...

12.4.12

TORTURA AUMENTA

"Estudos mostram que o Brasil é o único lugar do mundo 


onde os casos de tortura aumentaram, em vez de diminuir 


com o fim da ditadura."



VlADIMIR SAFATLE: 'A DITADURA VENCEU. POR ENQUANTO'.

Um dos maiores desafios da Comissão da Verdade será romper essa blindagem. O primeiro passo é superar a armadilha que consiste em circunscrever a questão da tortura no perímetro das demandas de reparação. Como se fosse um ponto fora da curva, um segmento de um tempo passado. Não é assim: estudos mostram que o Brasil é o único lugar do mundo onde os casos de tortura aumentaram, em vez de diminuir com o fim da ditadura. Portanto, não se trata de uma lembrança ruim de alguns cidadãos.Ela está presente na vida da sociedade, ainda que a opinião pública tenha sido preparada para não enxergá-la. Não por acaso, a Constituição de 1988 no capítulo relativo à segurança nacional é quase identica à lei de segurança nacional da ditadura, de 1967. Não é mera coincidencia. Assim como não o é o fato de grandes empresas conhecidas pelo financiamento à repressão serem hoje protagonistas habituais dos casos de corrupção envolvendo políticos e negócios do públicos. Elas não foram punidas pelo crime na ditadura. Continuaram a trocar favores dentro do aparelho de Estado na democracia. O mecanismo persiste intacto. Essa face da corrupção os conservadores preferem esquecer. Eis aí mais um sintoma da persistencia de questões não resolvidas em nome de uma anistia mútua falaciosa. Como se voce pudesse equiparar quem pegou em armas para lutar contra um regime ilegal, com gente que reprimiu, prendeu e torturou para sustentar um golpe de Estado. Nada disso, porém, deve levar a Comissão da Verdade à armadilha da individualização e do acerto de contas. Que interesse teria hoje prender um general de pijama de 86 anos? Nenhum. Prefiro a solução da África do Sul. Mandela trouxe o tema da tortura e da repressão para o presente, de forma pedagógica. Resgatou práticas tribais do perdão. Nelas o torturador fica de frente para a sua vítima. Ouve dela o relato minucioso dos danos que causou.Então pede perdão. E o ofendido perdoa. É uma aula de democracia e de educação política para as novas gerações e para toda a sociedade. O dia em que o Brasil fizer isso, aí sim, a ditadura terá sido derrotada".
Postado por Saul Leblon às 19:11

1964/2012:'É TEMPO DE MURICI, CADA UM CUIDE DE SI'

1964/2012:'É TEMPO DE MURICI, CADA UM CUIDE DE SI'



O site do jornal O Globo alterna manchetes garrafais que antecipam o funeral político de Demóstenes Torres, até há bem pouco tempo um parceiro, digamos assim, do jornalismo imparcial chancelado pelos Marinhos. A revista Veja, cuja afinidade de propósitos com Demóstenes, segundo consta, poderá ser aferida pela intensa troca de telefonemas entre a alta direção de sua sucursal, em Brasília, e o senador dublê de bicheiro,trata agora o amigo como um defunto contagioso, cujo enterro não pode tardar (leia nesta página: Carta Maior pede ao STF acesso às investigações sobre Demóstenes & seus interlocutores associados).

O Estadão, para arrematar, refere-se a 1964 --que ajudou a eclodir-- como 'o golpe' de 64. Sintomático, a renovação do vocabulário se dá justamente na cobertura do cerco promovido por estudantes a integrantes da ditadura que comemoravam o golpe no Clube Militar, no Rio (leia nesta pág. o blog de Emir Sader). 

Tempos interessantes. Se vivo, possivelmente o coronel Tamarindo, protagonista da Guerra dos Canudos (1896-1897), repetiria aqui a frase famosa: 'É tempo de murici (*uma fruta da caatinga), que cada um cuide de si'. O bordão símbolo da debandada teria sido proferido pelo coronel Pedro Nunes Tamarindo ao constatar a desarticulação total das tropas no ataque a Canudos, após a morte do comandante Moreira César. 

Decorridos 48 anos do golpe militar de 1964, o conservadorismo brasileiro vive, sem dúvida, uma deriva decorrente da implosão da ordem neoliberal no plano externo e de três derrotas presidenciais sucessivas para o PT. Não tem projeto, não tem lideranças --Demóstenes pretendia ser o candidato em 2014; Serra é contestado entre seus próprios pares, como se viu na prévia do PSDB, em SP. É tempo de murici. 

De volta, e afiado, Lula sintetizou bem esse período, personificando-o no declínio do eterno candidato tucano: 'Serra é o político de ontem; com idéias de anteontem'. Mas as safras passam. Cabe ao governo, e às forças progressistas, ocupar o vazio com respostas que não sejam apenas a mitigação daquilo que os derrotados fariam, se não estivessem cada qual cuidando de si. (Leia o Especial deste fim de semana, 'O desenvolvimentismo em debate', nesta pág. E ainda,a entrevista exclusiva de Jean-Luc Mélenchon, candidato da inspiradora síntese realizada pela Frente de Esquerda, que emergiu do descrédito para se tornar a força decisiva no 2º turno das eleições presidenciais francesas,com uma plataforma de rejeição ao neoliberalismo.)
Postado por Saul Leblon às 21:00

10.4.12

GRAFFITI FINE ART







CAPOEIRA NA BAHIA

Desde 2008, a capoeira é patrimônio cultural brasileiro, tendo sido a roda de capoeira inscrita no Livro das Formas de Expressão e o ofício dos mestres da capoeira, no Livro dos Saberes. Desde então, vem sendo executado o Plano de Salvaguarda, trabalho conduzido pelo Iphan,  por meio do Programa Nacional de Salvaguarda e Incentivo à Capoeira – Pró-Capoeira.






Histórico
Depois de dar a volta ao mundo e alcançar reconhecimento internacional, a capoeira se tornou patrimônio cultural brasileiro no ano de 2008, quando o registro desta manifestação cultural foi votado em Salvador, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan. O conselho é constituído por 22 representantes de entidades e da sociedade civil e delibera a respeito dos registros e tombamentos do patrimônio nacional.
O instrumento legal que assegura a preservação do patrimônio cultural imaterial do Brasil é o registro, instituído pelo Iphan. Uma vez registrado o bem, é possível elaborar projetos e políticas públicas que envolvam ações necessárias à preservação e continuidade da manifestação.
A divulgação e implementação da capoeira em mais de 150 países muito se deve aos mestres, que tiveram sua habilidade de ensino reconhecida.
Preservação do patrimônio
Entende-se por patrimônio cultural imaterial representações da cultura brasileira como as práticas, as formas de ver e pensar o mundo, as cerimônias (festejos e rituais religiosos), as danças, as músicas, as lendas e contos, a história, as brincadeiras e modos de fazer (comidas, artesanato e outros, junto com os instrumentos, objetos e lugares que lhes são associados, cuja tradição é transmitida de geração em geração pelas comunidades.






Há uma grande controvérsia em torno da Capoeira Angola, o que faz com que este seja um dos mais difíceis, senão o mais difícil tema para se discutir na capoeira.Muitos capoeiristas ainda acreditam que a Angola é simplesmente uma capoeira jogada mais lentamente, menos agressiva e com golpes mais baixos, com maior utilização do apoio das mãos no chão. Outros explicam que ela contém o que há de essencial da filosofia da capoeira. Há ainda aqueles que, mais radicais, chegam a afirmar que a Capoeira Angola foi completamente superada na história dessa arte-luta pelas técnicas mais modernas, que seriam mais eficientes e adequadas aos tempos atuais, dizendo que é mero saudosismo querer recuperar as tradições da Angola.

Quando a Regional surgiu, já existia uma tradição consolidada na capoeira, principalmente nas rodas de rua do Rio de Janeiro e da Bahia. Depoimentos1 obtidos junto aos velhos mestres da capoeira da Bahia lembram nomes importantíssimos na história da luta, como Traíra, Cobrinha Verde, Onça Preta, Pivô, Nagé, Samuel Preto, Daniel Noronha, Geraldo Chapeleiro, Totonho de Maré, Juvenal, Canário Pardo, Aberrê, Livino, Antônio Diabo, Bilusca, Cabelo Bom e outros. São inúmeras as cantigas que lembram os nomes e as proezas destes capoeiristas, mantendo-os vivos na memória coletiva da capoeira.
Sabemos que o trabalho desenvolvido por Mestre Bimba mudou os rumos da capoeira, no entanto, muitos foram os capoeiristas que se preocuparam em mostrar que a Angola não precisaria sofrer modificações técnicas, pois já continha elementos para uma eficaz defesa pessoal.




Após o surgimento da Regional, portanto, iniciou-se uma polarização na capoeira baiana, opondo angoleiros e discípulos de Mestre Bimba. A cisão ficou mais intensa a partir da fundação, em 1941, do Centro Esportivo de Capoeira Angola em Salvador, sob a liderança daquele que é reconhecido como o mais importante representante desta escola, o Mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha, 1889-1981). O escritor Jorge Amado descreveu este capoeirista como "um mulato pequeno, de assombrosa agilidade, de resistência incomum. (...) Os adversários sucedem-se, um jovem, outro jovem, mais outro jovem, discípulos ou colegas de Pastinha, e ele os vence a todos e jamais se cansa, jamais perde o fôlego" (Jorge Amado, Bahia de Todos os Santos, 1966:209).

Mestre Pastinha, em seu livro Capoeira Angola, afirma que "sem dúvida, a Capoeira Angola se assemelha a uma graciosa dança onde a 'ginga' maliciosa mostra a extraordinária flexibilidade dos capoeiristas. Mas, Capoeira Angola é, antes de tudo, luta e luta violenta" (Pastinha,1964:28).

Sendo uma prática comum no cotidiano dos anos 30, a capoeira não exigia de seus praticantes nenhuma indumentária especial. O praticante entrava no jogo calçado e com a roupa do dia-a-dia. Nas rodas mais tradicionais, aos domingos, alguns dos capoeiristas mais destacados faziam questão de se apresentar trajando refinados ternos de linho branco, como era comum até meados deste século. Além disso, é importante observar que tradicionalmente o ensino da antiga Capoeira Angola ocorria de maneira vivencial, isto é, de forma espontânea, sem qualquer preocupação metodológica. Os mais novos aprendiam com os capoeiristas mais experimentados diretamente, com a participação na roda. Embora já em 1932 tenha sido fundada por Mestre Bimba a primeira academia de capoeira, o aprendizado informal desta arte-luta nas ruas das cidades brasileiras predominou até meados da década de 50.

tualmente, a maior parte dos capoeiristas refere-se à Angola como uma das formas de se jogar a capoeira, não propriamente como um estilo metodizado de capoeira. Para os não iniciados nesta luta, é importante lembrar que a velocidade e outras características do jogo da capoeira estão diretamente relacionados com o tipo de "toque" executado pelo berimbau. Entre vários outros, existe aquele denominado toque de Angola, que tem a característica de ser lento e compassado. Dessa forma, "jogar Angola" consiste, na maioria dos casos, em jogar capoeira ao som do toque de Angola. Este cenário, no entanto, vem mudando, com a enorme proliferação de escolas de capoeira Angola, que realizam um sério trabalho de recuperação dos fundamentos dessa modalidade.

Dessa forma, a maior parte das academias e associações de capoeira do Brasil, ao realizarem suas rodas, têm o hábito de dedicar algum tempo ao jogo de Angola, que nem sempre corresponde àquilo que os antigos capoeiristas denominavam Capoeira Angola. Atualmente, o jogo de Angola caracteriza-se por uma grande utilização das mãos como apoio no chão, e pela execução de golpes de pouca eficiência combativa, mais baixos e mais lentos, realizados com um maior efeito estético pela exploração do equilíbrio e da flexibilidade do capoeirista.





Acreditamos que algumas das mais relevantes características da Angola a serem recuperadas para os dias de hoje são:
  1. a continuidade de jogo, em que os capoeiristas procuram explorar ao máximo a movimentação evitando interrupções na dinâmica do jogo;
  2. a importância das esquivas, fundamentais na Angola, em que o capoeirista evita ao máximo o bloqueio dos movimentos do adversário, procurando trabalhar dentro dos golpes, aproveitando-se dos desequilíbrios e falhas na guarda do outro;
  3. a capacidade de improvisação, típica dos angoleiros, que sabiam que os golpes e outras técnicas treinadas no dia-a-dia são um ponto de partida para a luta, mas precisam sempre ser moldadas rápida e criativamente à situação do momento;
  4. a valorização do ritual, que contém um enorme universo de informações sobre o passado de nossa arte-luta e que consiste em um grande patrimônio cultural. A antiga capoeira marcava-se por um grande respeito aos rituais tradicionais, diferentemente do que ocorre nos dias de hoje.
Atualmente, são raras as academias que adotam a denominação de Angola ou Regional para a capoeira que é ali praticada. E, entre as que se identificam como Capoeira Regional, poucas demonstram efetivamente relação direta com o trabalho desenvolvido por Mestre Bimba. Na verdade, os mestres e professores de capoeira afirmam jogar e ensinar uma forma mista, que concilia elementos da Angola tradicional com as inovações introduzidas por Mestre Bimba.
De fato, como afirmamos anteriormente, delimitar a separação entre essas duas escolas da capoeira é algo muito difícil hoje em dia, e há muitos anos sabe-se que a tendência é que a capoeira incorpore as características dessas duas escolas. No entanto, é fundamental que os capoeiristas conheçam a sua história, para que possam desenvolver sua luta de maneira consciente. A Capoeira Angola e a Capoeira Regional estão fortemente impregnadas de conteúdo histórico, e não se excluem. Completam-se e fazem parte de um mesmo universo cultural.lluis renato vieira.




Para os africanos, a dança está revestida de significados religiosos, políticos e culturais que, em suas 
viagens forçadas a terras desconhecidas, mantiveramse vivos, embora transmudados. O bailar dos corpos 
passou a traduzir uma forma de defesa da vida em comum e uma resposta às condições específicas do 
escravismo colonial no Brasil, tanto quanto formas de “religare” com suas entidades e ainda com seus 
pares, o que não era bem quisto pela coroa, como nota-se no código 24 de 1789



“existem quatro etapas que se confundem”: a primeira delas, no contexto escravocrata (Reinado e Império), tinha o objetivo de defesa. No período da República, já denominada de Capoeira Angola, foi usada para defesa, bem 
como para manifestação cultural do povo negro, de cunho religioso. Já no período “Nacionalista” de Vargas a capoeira é concebida como ginástica e arte marcial nas academias de cadetes do exército e da marinha e, nas academias de educação física, como Capoeira Regional. O autor sugere ainda que, nos dias atuais, “há comentários de haver outros estilos como a Capoeira Elitizada ou a Capoeira de Rua” (Lima, 1991, p. 11), que não são vistos como estilos, mas sim como situações sem grandes compromissos com a cultura popular negra, que tem no corpo elemento sagrado e lugar primário dos ritos de canto e dança. Estas situações não recuperam também a ancestralidade, a religiosidade e a arte como constitutivas do homem negro, que é a base de sua origem, como debateremos posteriormente. 
ROSEMBERG FERRACINI E CARLOS EDUARDO S. MAIA



No período entre 1930 até a implementação do Estado Novo, os fatores que levaram a criação da Capoeira Regional, momento no qual Getúlio Vargas passou a interferir na educação e na cultura do país. A pesquisa se pautou numa crítica historiográfica, baseando-se nos estudos de Norbert Elias, Michel Foucault e Theodor Adorno. Questionou-se se o surgimento da Capoeira Regional afastou esta prática do restante da cultura popular ou tratou-se de um processo civilizador que a modernizou e fez sobreviver naquele momento histórico. Porém, como todo processo civilizador traz modernização há nele presente um grande componente de barbárie.


Com o fim da escravidão, muitos escravos e filhos de ex-escravos, não tendo para onde irem passam a instalar-se nas cidades. Alguns tiveram dificuldades para conseguir emprego e moradia, fato que levou o surgimento das primeiras favelas. Capoeira (1999), ressalta que muitos negros fugitivos e alforriados começam a estabelecer quilombos nas periferias das cidades, aumentando consideravelmente a população negra nas ruas. A capoeira associa-se a imagem do malandro, ao mesmo tempo em que passa a fazer parte da sociedade e do código penal brasileiro (REIS, 2000).


A sua história e origem são alvos até hoje de discussão entre diversos autores. Estudos como de Capoeira (1999), Couto (1999) e Reis (2000), mostram que a capoeira nasceu no Brasil com escravos vindos de várias partes da África, que se misturavam com índios e brancos dentro dos Quilombos. Segundo Reis (2000, p.11) “não há indicações de que a capoeira, tal qual a conhecemos no Brasil ainda hoje, tenha se desenvolvido em qualquer outra parte do mundo”. Isto leva a crer que a capoeira surgiu de uma “fusão” cultural dentro do Brasil.

A capoeira regional surge em uma sociedade voltada para o trabalho e preparação de mão de obra, no qual cada individuo desempenharia seu papel na sociedade e era compelido a regular sua conduta de maneira estável, uniforme disciplinar. Bimba “criador” da capoeira regional sistematiza essa prática, colocando métodos e seqüências de ensino. Diferente da capoeira tradicional1 em que o aprendizado era baseado praticamente na observação. Mestre Bimba, insatisfeito com a imagem da capoeira perante a população, sempre associada à malandragem e baderna, cria uma prática baseada nos moldes da sociedade que o Estado Novo buscava construir. Segundo Capoeira (1999), a “nova” luta moldada nos parâmetros da “nova” sociedade de Getulio Vargas poderia servir para a campanha de legitimação do Estado junto à população, passando a ser praticada pela camada mais elevada da sociedade e fazendo Getulio retirá-la do código penal brasileiro


O ministro das finanças Ruy Barbosa, em 15 de dezembro de 1890, mandou incinerar os documentos que se referiam à escravidão alegando “que se deveria apagar da memória brasileira essa terrível instituição


Ao longo do século XIX, o Brasil sofria com pressões externas para acabar com
o tráfico negreiro. “O período de 1844 a 1850 é de constante atrito com os ingleses, pois o Brasil pela primeira vez adota uma política protecionista (...) tributando as mercadorias inglesas para aumentar a reserva do tesouro”. (CAPOEIRA, 2000, p. 31). Nesse momento, a economia cafeeira começa a crescer no sudeste e com isso aumenta o deslocamento de escravos da região nordeste para as fazendas de café do sudeste. Essa migração de escravos se da através do tráfico interno (escravos vendidos e capturados) e também de negros libertos que compravam sua alforria (liberdade). Segundo Capoeira (1999; 2000) e Reis (2000), o número de negros
Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 9, n. 13, Jul./Dez. 2008– ISSN 1679-8678
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libertos era tão grande, que a Caixa Econômica Federal abre uma caderneta de
poupança para negros de ganho que desejassem comprar a sua carta de alforria. Com isso Capoeira (2000, p.34) destaca:


Muitos escravos são alforriados, muitos fogem, começa a aparecer uma grande quantidade de quilombos na periferia da cidade do Rio de Janeiro – o morro do estado, na entrada de Niterói, era um quilombo. Para se ter uma idéia, basta dizer que a população escrava de 1860 no Rio de Janeiro era dez vezes maior que a de 1870, e isto devido às fugas e ao alforriamento. É claro que esses quilombos, já na transição para a favela era diferente do de Palmares do século XVII (...), o clima é outro, então na periferia da cidade já existe uma intelectualidade que panfleta, que discute na rua, que escreve em jornal, que interfere a favor da extinção da escravidão, sem falarem determinados indivíduos não brancos expressivos da cultura nacional, como Machado de Assis e Lima Barreto



Muitos negros alforriados perambulam sem se fixar. Em relação a estes, existia um temor muito grande, pois eram corpos duplamente estranhos, por serem negros e
por serem livres, sendo eles mal vistos pelo Estado. E é nesse cenário que a capoeira se desenvolve e cai na marginalidade. O negro está nas ruas em condições desfavoráveis, o ambiente é critico e caótico e é no período de 1850 a 1888 (abolição) que o negro capoeira sofre sua maior repressão.


Com isso os capoeiras passam a ser castigado em praça publica, sendo a imagem do castigo o principal objeto da repressão policial. Segundo Capoeira (1999) e Reis (2000), além das chibatadas, os escravos capoeiras eram enviados a locais para realizarem trabalhados forcados. Contudo, o ponto forte da criminalização da capoeira é o fato de que os negros soltos nas ruas começavam a organizar-se em bandos e pouco antes da abolição e da instalação da Republica, as maltas no Rio de Janeiro se proliferaram. No entanto dois grupos se destacam:os Nagoas e os Guaiamuns. Os primeiros ligados aos monarquistas do partido conservador, se concentravam nas periferias das cidades e os Guaiamuns, ligados aos republicanos do partido liberal, localizavam-se na parte central da cidade. De acordo com Capoeira (2000), os grupos ou maltas guiados por chefes terríveis e temidos, muitas vezes representavam o principal papel nas urnas eleitorais.
E é essa ligação entre capoeiras e políticos que os leva a serem um dos principais alvos de repressão policial nos primeiros tempos da Republica o que culminaria com a criminalização da capoeira em 1890. Poucos meses após a abolição é formada no gabinete conservador Treze de Maio a Guarda Negra. Composta basicamente por capoeiras, que arrebanhavam negros libertos em prol da defesa da monarquia, representada pela figura da Princesa Isabel. “Criada por volta de 1888 para salvar a monarquia e lutar contra os republicanos (...), os capoeiras negros ‘manobrados’ para defenderem a Princesa Isabel que os libertou do cativeiro

Exercito das ruas”, era principalmente nos comícios republicanos que a presença da Guarda Negra se fazia sentir. O ataque mais espetacular da organização, parece ter sido o que ocorreu no dia 30 de dezembro de 1888, quando os propagandistas republicanos Silva Jardim e Lopes Trovão, discursavam no ginásio da Sociedade Francesa de Ginastas na cidade do Rio de Janeiro. Os organizadores do ato, frente às ameaças recebidas por parte da Guarda Negra, recorreram ao chefe de policia, que alegou não ter condições de garantir a segurança da manifestação. Do lado de fora do ginásio, perto de 500 negros estavam reunidos. De repente, ouviram-se tiros dentro do ginásio e a multidão forçou a entrada. A confusão reinou durante meia hora sem interferência da policia, a qual, afinal, decidiu acalmar-lhes os ânimos. Varias pessoas ficaram feridas, muitas vitimadas por capoeiras. (REIS, 2000, p.41)


Exercito das ruas”, era principalmente nos comícios republicanos que a presença da Guarda Negra se fazia sentir. O ataque mais espetacular da organização, parece ter sido o que ocorreu no dia 30 de dezembro de 1888, quando os propagandistas republicanos Silva Jardim e Lopes Trovão, discursavam no ginásio da Sociedade Francesa de Ginastas na cidade do Rio de Janeiro. Os organizadores do ato, frente às ameaças recebidas por parte da Guarda Negra, recorreram ao chefe de policia, que alegou não ter condições de garantir a segurança da manifestação. Do lado de fora do ginásio, perto de 500 negros estavam reunidos. De repente, ouviram-se tiros dentro do ginásio e a multidão forçou a entrada. A confusão reinou durante meia hora sem interferência da policia, a qual, afinal, decidiu acalmar-lhes os ânimos. Varias pessoas ficaram feridas, muitas vitimadas por capoeiras. (REIS, 2000, p.41)



Mestre Bimba baseado nas ideologias higienistas pregadas pelo Estado Novo, que visavam a criação de corpos saudáveis e fortes adquiridos através da prática sistematizada de atividade física colocava a capoeira dentro desses padrões sociais, acreditando ser esta a saída para retirar a prática da marginalidade social.
Para que isso fosse possível, segundo Capoeira (1999) e Reis (2000), Mestre Bimba introduz estilos de lutas orientais como o jiu-jitsu e o judô e também se utiliza de folguedos da cultura popular de origem negra, como o batuque. “Assim, em sua busca de legitimação social da capoeira, Bimba desqualifica aquela na qual fora iniciado e introduz a agressividade de outras modalidades de luta” (REIS, 2000, p.102). Apesar, de considerar o controle das pulsões como um fator civilizador, a criação da Capoeira Regional continuou a possuir elementos que continham alto grau de violência (tanto física quanto simbólica). Como foi visto, a capoeira anteriormente era praticada nas ruas sempre associada a desordens e baderna, sendo constantemente perseguida pela polícia. Com a criação da Regional, a prática passa a ser realizada em recintos fechados, onde o capoeirista tem a “necessidade” e o “dever” de controlar suas emoções, pois segundo Elias (1994, p. 192), “esse controle é parte de um processo civilizador”. Desta forma, essa prática corporal passa a ser alvo, conforme aponta Foucault (1996), de dispositivos disciplinares, que visavam a docilização dos corpos dos indivíduos. Com isso a capoeira torna-se alvo de saberes

Mestre Bimba somente aceitava alunos que estudassem ou trabalhassem, devendo comprovar uma dessas condições através da apresentação dos respectivos documentos, carteira de trabalho ou de estudante. Tal fato, juntamente com a criação de um método de ensino para a capoeira e sua aproximação com o esporte pode ser analisado como fator primordial para a dissociação da capoeira de uma imagem de “prática de baderneiro”, principalmente pela sua inserção nos dispositivos disciplinares e pelos saberes difundidos por aquele momento histórico. (FOUCAULT, 1996).


Contribuição da Capoeira para a formação

    A incorporação da Capoeira como conteúdo de formação na área de Educação Física atende há uma necessidade de reconsideração histórica e valorização da cultura corporal nacional. Além disso, recentemente a capoeira foi reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio histórico nacional. O registro da Capoeira como patrimônio histórico imaterial ocorreu no dia 15 de julho de 2008 em Salvador, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan.
    O acontecimento desse fato reforça a importância de considerá-la como expressão cultural que deve ser privilegiada. Nesse sentido, a capoeira enriquece a formação, especialmente por sua expressão como manifestação cultural afro-descendente, conjunto de sentidos, transmitidos historicamente, incorporados e expressos em formas simbólicas cheias de significado.
    Não obstante, a Capoeira apresenta grande diversidade cultural e possibilidades de aprendizado. Dentre elas destaca-se a incorporação de elementos de lutas orientais, a preservação da herança cultural e da simbologia dos negros escravos que construíram uma série de artimanhas corporais visando sua defesa e libertação. Nessa esfera, a capoeira oferece múltiplas possibilidades de intervenção com formas competitivas, de espetáculo, de aprendizado e valoração cultural contemplando tanto a atuação do bacharel como a do licenciado (SILVA, 2002).
    O jogo permite, ainda, a compreensão de uma nova sensibilidade do sujeito que luta/joga capoeira, especialmente pela não utilização de golpes traumáticos permitindo uma ação dialogada que reconhece os limites do outro. Em substituição a violência e submissão do outro a prática da capoeira centraliza a importância do ritmo, do ritual e do lúdico (FALCÃO, 1996).
    Ressalta-se, ainda, que essa manifestação cultural se caracteriza pela luta pela libertação, símbolo de resistência contra os vários tipos de dominação, espaço para a construção da identidade e aprendizado cultural. Dessa forma, a prática da capoeira configura-se em um rico processo pedagógico pautado em uma educação libertadora. Nesse âmbito, a tematização da capoeira surge como possibilidade de aproximação da universidade com as manifestações culturais e étnicas, procedimento que tem recebido grande incentivo e atenção da comunidade local e dos governos centrais.
    Acredita-se, também, a tematização da capoeira nos cursos superiores de Educação Física apresenta inúmeras possibilidades de conteúdo e prática que devem iniciar com a trajetória histórica da capoeira, desde o seu surgimento passando pela repressão de sua vivência até a sua institucionalização. Posteriormente, pode-se trabalhar seus fundamentos técnicos e ritualísticos, seus processos identitários, e seus sistemas de classificação e hierarquização.

Considerações finais

    Diante das considerações arroladas, constatou-se que a capoeira pode contribuir significativamente para formação do licenciado e do bacharel em Educação Física, especialmente na ampliação de seu acervo cultural e das possibilidades de intervenção no âmbito da cultura corporal.
    Outro fator que merece consideração refere-se à permuta da violência e da submissão do outro, característicos da maioria das lutas, pela importância do ritmo, do ritual, do aspecto lúdico, enfim da vivência e jogo com o outro que deixa de ser adversário e passa a ser parceiro.
    Ressalta-se, por fim, o valor da capoeira como símbolo de resistência contra a dominação, prática educativa libertadora e a abertura da possibilidade de aproximar a universidade das manifestações culturais/étnicas e dos movimentos sociais.

O inicio dos anos  80, Só alguns mestre permaneceram com o trabalho como mestre Bobó, Mestre Alfredo, Mestre Curió, Mestre Nô, Mestre Virgilio e Mestre Paulo dos Anjos. Os grupos começaram se formar  lentamente apenas com a intenção de preservar as tradições.  O forte Santo Antonio além do Carmo,que esta abandonado passa ser ponto de referencia para capoeira angola. Nesse contexto, duas academias passam a se destacar,  o centro esportivo de capoeira angola (CECA) coordenado pelo mestre João Pequeno e  o Grupo de capoeira Angola Pelourinho (GCAP) fundado pelo mestre Moraes, chegado recentemente do rio de Janeiro.
O primeiro se destacar por se tornar um ponto de encontro dos capoeiristas nas rodas de capoeira, pela primeira tentativa da formação da ABCA e por ter um trabalho consistente e por ser discípulo do mestre Pastinha. O segundo grupo se destaca pelas inovações, por ser o grande grupo articulador , aquele que irá resgatar os mestres antigos  que tinha se afastado. Foi o grupo que trouxe um discurso político ideológico consistente sobre a importância da capoeira angola no contexto social, da importância dos métodos acadêmicos para ampliação do conhecimento e propagação da cultura e dos códigos internos.

Ainda nessa década é que vão se estabelecer definitivamente alguns praticas que irão caracterizar a capoeira até os dias atuais. É válido lembrar que o conhecimento do capoeirista sobre o ritual da roda  é um construção cultural antiga, as cantigas de capoeira e quantidade berimbau são construções do XIX. mas no século XX especificamente nos anos 80 se estabeleceu que são 8 instrumentos na bateria , com a inclusão definitiva do atabaque nos instrumentos. Em alguns casos o ataque era substituído pelo timbal, já que era mais pratico levá-lo para as roda de rua. a posição dos berimbau ficou a critério pela tradições do grupos e sem menor relevância em relação a posição. A obrigatoriedade do fardamento. Eu acredito que seja um resgate da novidade trazida pelo mestre Pastinha. Lembrando que nas rodas de capoeira, o capoeirista jogava com a roupas que estava no corpo, seja do trabalho ou da domingueira. A introdução do som mecânico para embalar as aulas de capoeira. era uma novidade ter um toca disco na academia de capoeira. A abertura para o público feminino,estudante universitário e criança pra o treino da capoeira angola. A participação feminina foi fundamental apara composição dos grupos em diversas atividades.

MESTRE PASTINHA


Vicente Ferreira Pastinha nasceu em Salvador, a 05 de abril de 1889.

Em entrevista à revista Realidade, em 1967,mestre Pastinha declara que aprendeu a capoeira com o "Velho Africano", mestre Benedito.

Este teria ficado com dó de Pastinha, aos dez anos, apanhava diariamente de um garoto.

A princípio, Pastinha ensinava capoeira para os colegas da Marinha, onde ingressou aos 12 anos.

Depois que saiu, aos 20 anos, abriu sua primeira escola de capoeira na sede de uma oficina de ciclistas.




Nesse local, a escola ficou aberta de 1910 à 1922.

Após esse período, mudou-se para o Cruzeiro de São Francisco.

Além de capoeirista, Pastinha era também pintor; chegando a dar aulas de pintura á óleo.

Em 1941, mestre Pastinha fundou o "centro esportivo de capoeira angola", graças ao mestre Amorzinho que lhe ofereceu a academia e insistiu para que ele a dirigisse.
Para Pastinha a capoeira "de angola" se diferencia da capoeira regional por "não ter método", "ser sagrada" e "maliciosa".

Pastinha não aceitava a mistura feita por mestre Bimba, que incorporou à capoeira movimentos de outras lutas.

Na capoeira angola, como explica Pastinha, o capoeirista lança mão de inúmeros artifícios para enganar e distrair o adversário. Finge que se retira e volta-se rapidamente. Pula para um lado e para outro. Gira para todos os lados e se contorce numa "ginga" maliciosa e desconcertante.

Apesar de ser uma das grandes celebridades da vida popular da Bahia, chegando a ir até o continente africano- convidado pelo Ministério da Relações Exteriores do Brasil, como integrante da delegação brasileira, junto ao "Premier Festival Internacional des Arts Negres, de Dakar, em abril de 1966-Pastinha, no final de sua vida, foi praticamente esquecido.

Chegou a ser despejado de onde morava e, em fins de 1979, após um derrame cerebral e internação de um ano em hospital Público, vai para o abrigo D. Pedro segundo.

Morre aos 92 anos, em 14 de outubro de 1981.

Em seu enterro, foi homenageado com toques de Berimbau.



MESTRE JÕAO PEQUENO

Em 27 de dezembro 1917 nasceu em Araci no interior da Bahia João Pereira do Santos, filho de Maria Clemença de Jesus, ceramista e descendente de índio e de Maximiliano Pereira dos Santos cuja profissão era vaqueiro na Fazenda Vargem do Canto na Região de Queimadas. Aos quinze anos (em 1933) fugiu da seca a pé, indo até Alagoinhas seguindo depois para Mata de São João onde permaneceu dez anos e trabalhou na plantação de cana de açúcar como chamador de boi, então conheceu Juvêncio na Fazenda são Pedro, que era ferreiro e capoeirista, foi aí que conheceu a capoeira.
Aos 25 anos, mudou-se para Salvador, onde trabalhou como condutor (cobrador) de bondes e na construção civil
como servente de pedreiro, pedreiro, chegando a ser mestre de obras. Foi na construção civil que conheceu Cândido que lhe apresentou o mestre Barbosa que era um carregador do largo dois de julho, Barbosa dava os treinos, juntava um grupo de amigos e nos finais de semana ia nas rodas de Cobrinha Verdeno Chame-chame.
Inscreveu-se no Centro Esportivo de Capoeira Angola, que era uma congregação de capoeiristas coordenada pelo Mestre Pastinha.
Desde então, João Pereira passou a acompanhar o mestre Pastinha que logo ofereceu-lhe o cargo de treinel, isso foi por media de 1945, algum tempo depois João Pereira tornou-se então João Pequeno.
No final da década de sessenta quando Pastinha não podia mais ensinar passou a capoeira para João pequeno dizendo: “João, você toma conta disto, porque eu vou morrer mas morro somente o corpo, e em
espírito eu vivo, enquanto houver Capoeira o meu nome não desaparecerá”.
Na academia do Mestre Pastinha, João Pequeno ensinou capoeira a todos os outros grandes capoeiristas que dali se originaram e mais tarde tornaram-se grandes Mestres, entre eles JoãoGrande, que tornou-se seu Grande parceiro de jogo, Morais e Curió.
Foi aconselhado pelo Mestre Pastinha a trabalhar menos e dedicar-se mais a capoeira. Embora pensasse que não passaria dos 50 anos percebeu que viveria bem mais ao completar tal idade.
Tendo que enfrentar a dureza da cidade grande João Pequeno também foi feirante, e carvoeiro chegou a ser conhecido como João do carvão, residiu no Garcia, e num barraco próximo ao Dique do Tororó.
Sua primeira esposa faleceu, mas, um tempo depois conheceu Dona Mãezinha no Pelourinho, nos tempos de ouro da academia de seu Pastinha, constituíram família, e com muito esforço construíram uma casa em fazenda Coutos, Lá no subúrbio, bem longe do Centro onde foram morar e receber visitas de capoeiristas de várias partes do mundo.
Para João Pequeno o capoeirista deve ser uma pessoa educada “uma boa arvore para dar bons frutos”. Para quem a capoeira é muito boa não só para o corpo que se mantém flexível e jovem, mas também para desenvolver a mente e até mesmo servir como terapia, alem de ser usada de várias formas, trabalhada como a terra, pode-se até tirar o alimento dela.
João Pequeno vê a capoeira como um processo de desenvolvimento do indivíduo, uma luta criada pelo fraco para enfrentar o forte, mas também uma dança, cuja qual ninguém deve machucar o par com quem dança, defende a idéia que o bom capoeirista sabe parar o pé para não machucar o adversário.
Algum tempo após a morte do mestre Pastinha, em 1981, o mestre João Pequeno reabre o Centro Esportivo de Capoeira Angola ( CECA ) no Forte Santo Antônio Alem do Carmo(1982), onde constitui a nova base de resistência, onde a capoeira angola despontaria-se para o mundo, embora encontrando várias dificuldades para manutenção de sua academia, conseguiu formar alguns mestres e um vasto numero de discípulos.
Na década de noventa houve várias tentativas por parte do governo do estado em desocupar o forte Santo Antônio para fins de reforma e modificação do uso do forte, paradoxalmente em um período também em que foi amplamente homenageado recebendo o titulo de cidadão da cidade de Salvador pela câmara municipal de vereadores, Doutor Honoris Causa pela universidade de Uberlândia, e Comendador de Cultura da República pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

”É uma doce pessoa” é o que afirmam todos que tem a oportunidade de conhecer o Mestre João Pequeno, cuja simplicidade, a espontaneidade e o carisma seduz a todos que vão até o Forte Santo Antonio conferir suas rodas, é um bricalhão, mas que também não deixa de dar uma baquetada nos que se exaltam e esquecem dos fundamentos da brincadeira e da dança.
A festa anual comemorativa de seu aniversário é um verdadeiro evento espontâneo da capoeira, onde se realiza uma grande roda,com a participação de vários mestres e membros da comunidade capoerana.
Alem de ser de impressionar a todos que tem a oportunidade de vê-lo jogar com a sua excelentíssima capoeira e mandigagem, João Pequeno destaca-se como educador na capoeira, uma autoridade maior na capoeiragem de seu tempo, um referencial de luta e de vida em defesa da nobre arte afrodescendente.
Bibliografia:
Santos, João Pereira dos. Mestre João Pequeno, Uma vida de Capoeira.
Em 1970, Mestre Pastinha assim se manifestou sobre ele e seu companheiro João Grande: “Eles serão os grandes capoeiras do futuro e para isso trabalhei e lutei com eles e por eles. Serão mestres mesmo, não professores de improviso, como existem por aí e que só servem para destruir nossa tradição que é tão bela. 
A esses rapazes ensinei tudo o que sei, até mesmo o pulo do gato”.








Propriedade da União cedida ao Estado, o Forte de Santo Antônio é administrado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão da secretaria de Cultura (SecultBA), que também restaurou e tombou o prédio secular como Patrimônio da Bahia, que sedia academias de capoeira. O forte fica no mesmo lugar da extinta trincheira de defesa Baluarte de Santiago, construída em 1627, após a expulsão dos holandeses de Salvador. Na década de 1950, foi transformado em Casa de Detenção desativada depois em 1976.

Atualmente o forte sedia ações de caráter social, educativo e cultural. Mais informações sobre o livro do Mestre Curió e a Ecaig são disponibilizadas através dos telefones 3321-0396 e 3323-0081. Dados sobre o forte estão no endereço eletrônico http://fortesantoantonio.blogspot.com ou telefones 3117-1492 e 3117-1488. Mais informações sobre o IPAC no www.ipac.ba.gov.br.



Os Golpes 
 
A Capoeira Angola tem um número relativamente pequeno de golpes que podem, no entanto, atingir uma harmoniosa complexidade através de suas variações. Assim como a música tem apenas sete notas .

 Cabeçada, Rasteira, Rabo de Arraia, Chapa de Frente, Chapa de Costas, Meia Lua e Cutilada de Mão. 

A Música
 
A Capoeira é a única modalidade de luta marcial que se faz acompanhada por instrumentos musicais. Isso deve-se basicamente às suas origens entre os escravos, que dessa forma disfarçavam a prática da luta numa espécie de dança, enganando os senhores de engenho e os capitães-do-mato. No início esse acompanhamento era feito apenas com palmas e toques de tambores. Posteriormente foi introduzido o Berimbau (foto), instrumento composto de uma haste tensionada por um arame, tendo por caixa de ressonância uma cabaça cortada.






Johann Moritz Rugendas (Augsburgo, 29 de março de 1802 — Weilheim, 29 de  maio de 1858) pintor alemão que viajou por todo Brasil durante 1822-1825 e pintou povos e costumes. Rugendas era o nome que usava para assinar suas 
obras. Cursou a Academia de Belas-Artes de Munique, especializando-se na arte do desenho. Pintor de cenas brasileiras, nasceu em Augsburg, em 29 de março de 1802 e faleceu em Weilheim, em 29 de maio de 1858.

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